Friday, April 20, 2007

O DIREITO DE DISCORDAR
Osmar Ludovico da Silva

Este artigo está publicado na edição 69 do mês de abril de 2007 na Revista Enfoque Gospel.

Sou contra todo radicalismo, preconceito, falso moralismo e discriminação. Acredito que todo ser humano deve ser respeitado e bem tratado, independente de sua raça, credo, condição social ou preferências sexuais.

No entanto reservo-me o direito de não concordar, e de lutar para não ser impedido de expressar minhas convicções, ainda assim continuar respeitando e tratando bem quem pensa ou age diferente. Em especial sobre a questão do homossexualismo e do aborto.

O que pretendo fazer nestas linhas não é julgar ou condenar, não é falar contra, mas ressaltar valores que estão se perdendo. Sem os quais nossa civilização risca um declínio e até mesmo o seu aniquilamento. Pois são valores que dizem respeito à família como célula principal da sociedade.

Vivemos dias de hostilidade contra quem defende uma ética para a família que tem como núcleo o casamento heterossexual, monogâmico, exclusivo e permanente, como contexto da geração, proteção e educação dos filhos. Quem assim se posiciona a favor do heterossexualismo e do direito à vida humana intra-uterina é alvo de pressões, até mesmo processos judiciais, é tido como retrógrado e moralista.

A família é a guardiã da preservação da espécie humana. Isto é, a união do homem com a mulher, uma só vez, no contexto do amor, do respeito, da fidelidade e para toda a vida. Este é o projeto de Deus para a humanidade. Se destruirmos os valores da família então todas as outras fronteiras do certo e do errado também serão desrespeitadas. Se não existir uma ética, um parâmetro para a família, então não haverá ética nenhuma, pois a família é a célula mais importante do tecido social. Se ela adoece todo o resto adoecerá. E não haverá mais limite para o desrespeito da vida, não haverá mais certo ou errado. Já tem gente dizendo que a pedofilia deveria ser tolerada, pois as práticas do homossexualismo e aborto que antes eram erradas agora se tornaram certas.

A Bíblia afirma que Deus fez o homem um ser sexual. É a primeira identidade humana: “macho e fêmea os criou”. Ser homem ou ser mulher, reconciliado com seu próprio sexo é a primeira noção de identidade no ser humano. Constituir família é o projeto original de Deus e o mundo continua sem nenhuma alternativa válida para um relacionamento profundo e gratificante. No casamento, a vida sexual pode ser desfrutada em plenitude entre o homem e a mulher. E através do ato sexual nos tornamos co-criadores com Deus na geração de filhos e na preservação da raça humana.

Com a premissa do direito ao seu próprio corpo e de algo que ainda não é vida se justifica e se defende o aborto. O feto não é um prolongamento do corpo da gestante, mas trata-se de uma vida humana, em gestação, mas uma pessoa portadora de todos os elementos da vida, um ser humano que depende do ambiente protegido do útero para se desenvolver, crescer e nascer.

A vida humana tem início na concepção conforme o Salmo 139:13-15. No óvulo fertilizado pelo espermatozóide já existe um ser humano em formação. E a vida humana criada a imagem e semelhança de Deus é sagrada. Este é um valor que precisamos defender. A sacralidade da vida intra-uterina E também a sacralidade de toda vida: do homem, da mulher, do velho, do deficiente, do pobre, do encarcerado, do doente, do estrangeiro, do diferente. Esta deve ser a base dos direitos humanos: o respeito à vida, pois a vida humana é sagrada.

A defesa intransigente do homossexualismo e do aborto atinge frontalmente a família, configura um desmonte sistemático de valores primordiais do ser humano, e coloca em risco a própria humanidade.

Sei que vou continuar vivendo com filmes, livros, artigos, lobbies, passeatas e discursos em defesa do direito de escolher sua preferência sexual, e do direito das mulheres ao aborto. Eu não concordo nem com o homossexualismo, nem com o aborto. Ainda assim defendo o direito deles continuarem postulando suas escolhas equivocadas.

Por favor, não me discriminem e nem me processem, deixem-me discordar em paz. E continuar defendendo, a partir de convicções profundas e inegociáveis, os valores cristãos da família: 1) a beleza de ser homem ou de ser mulher, 2) a sublimidade do casamento heterossexual, 3) a dignidade da fidelidade conjugal 4) e o direito à vida das crianças no útero de suas mães. São valores sagrados.

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