por Emanuelle Carvalho Moura
A Dra. Lílian Piñero Eça, biomédica, pesquisadora em biologia molecular pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) afirma no artigo “Aborto: liberdade feminina para escolher a própria morte” publicado no Jornal do Advogado em março de 2006: “Quando a mulher está grávida, é secretado o hormônio da manutenção da gravidez, a progesterona, o qual adapta o corpo feminino à nova realidade biológica através de sinais que interagem as 75 trilhões de células, tornando a mulher, mãe do ser em seu ventre concebido. Quando a gravidez é interrompida com o aborto, ocorre uma diminuição abrupta de neurotransmissores secretados pelas células nervosas, ocorrendo por este motivo um desequilíbrio nos sinais celulares – é a depressão causada por motivos moleculares e, conseqüentemente, levando ao aumento da taxa de suicídio e infertilidade.”
A realidade de ser mãe se inicia no momento da concepção, logo, qualquer tentativa induzida de aborto, independente das condições em que esse indivíduo é gerado (desejado ou não-desejado), será conseqüência do assassinato do próprio filho pela mãe. A agência de notícias ZENIT, em 01 de setembro de 2006, publicou um artigo intitulado “Estudo demonstra que adolescentes que abortam têm mais problemas psicológicos” que comprova as pesquisas moleculares da Dra. Lílian. O estudo foi realizado nos Estados Unidos (EUA) pela Dra. Priscilla Coleman, professora de Desenvolvimento Humano e Estudos Familiares da “Bowling Green State University”, com 1.000 mulheres para descobrir as diferenças entre as adolescentes que tinham dado à luz e as que tinham praticado o aborto diante de uma gravidez inesperada e constatou que as adolescentes que procederam ao aborto manifestaram cinco vezes mais necessidade de ajuda psicológica do que as que tiveram seus filhos. A pesquisadora afirma que “ser mãe na adolescência é inevitavelmente uma experiência que implica dificuldades, mas a ocorrência de problemas psicológicos com a prática do aborto é muito maior do que com a condução da gravidez”. A Agência Católica de Imprensa (ACI), no dia 06 de jan. de 2006, em “Estudio revela que el aborto - y no el embarazo - puede causar problemas mentales”, refere, na Nova Zelândia, um estudo similar realizado com 1.265 mulheres, das quais 500 engravidaram, pelo menos uma vez, aos 25 anos, e 90 delas interromperam a gravidez através do aborto. Destas, 42% sofreram depressão, tendências suicidas, abuso de drogas e álcool. O psicólogo e epidemiológico responsável pela pesquisa, David Fergusson, considera-se a favor do aborto e, apesar da pesquisa ter sido publicada em Londres no “Journal of Child Psychiatry and Psychology”, o psicólogo não conseguiu a mesma permissão para outros quatro meios estadunidenses e comentou: “Es un tema muy sensible y emotivo. La gente tiene creencias muy apreciadas que no les gusta someter a duda alguna”. Em 25 de janeiro de 2006, a mesma agência noticiou outra pesquisa de Pricilla Coleman, “Mulheres que abortaram consomem álcool e drogas para superar trauma”, informando que elas têm “cinco vezes mais probabilidades de consumir drogas e álcool do que uma mulher que não abortou”, ratificando os dados de Fergusson. Em outro estudo, Coleman observou uma relação entre abuso e maus tratos infantis 2,4 vezes maiores por mães que se submeteram a um aborto induzido na sua vida pregressa. A pesquisa, com 518 mulheres de baixa renda de Baltimore, publicada no “Acta Paediatrica” em 2005, sugeria que “as dificuldades emocionais e a resposta insuficiente à dor” poderiam levar a atitudes negativas com os outros filhos que essas mães gerariam no futuro, pois “a história maternal de um aborto induzido parece ser um indicador do aumento do risco para o mau trato infantil”, o texto foi noticiado na ACI dia 07 de novembro de 2005: “Estudo demonstra que aborto pode aumentar risco de maus tratos infantis”. Logo, ao contrário do que dizem os abortistas (que é melhor para a mulher dar cabo de filhos “não desejados” ainda intra-útero, do que tê-los), o aborto acarreta em maior risco de violência para com outros filhos “desejados” que essa mulher possa vir a ter ao longo de sua vida. Se essas mulheres não tivessem optado pelo aborto, não sofreriam o trauma psíquico que ele causa e não projetariam isso n’outras crianças, poderiam, inclusive, ter dado a luz ao filho não planejado e cuidado dele e dos outros que viessem com mais carinho, paciência e amor. As incompreensões e críticas da sociedade passam, assemelham-se a um barulho produzido por uma notícia que se espalha e perde-se, mas um aborto fica gravado na história e na psique da mulher para sempre.
A Dra. Alice Texeira escreveu “A origem da vida do ser humano e o aborto”, disponível: 1.
2.
Ela comenta sobre um estudo realizado no ano de 2004 pela Universidade Federal de São Paulo em mulheres estupradas e que conceberam uma criança: “Quanto às vítimas de estupro, que já sofreram um ato de grande violência, não tem cabimento se propor outro ato de igual violência, como o aborto. Num levantamento realizado em 2004 na UNIFESP, verificou-se que 80% destas mulheres grávidas por estupro se recusaram a abortar, e estão contentes com os filhos, enquanto que as 20% que realizaram o aborto estão arrependidas”. Observa ainda sobre as mulheres grávidas de baixa renda que vivem em favelas: “Com relação às mulheres grávidas pobres das favelas de São Paulo, e principalmente as adolescentes, quando entrevistadas, afirmaram que seus filhos são desejados, recusaram o aborto. Querem atendimento médico e melhores condições de vida
para criar seus filhos”.
Existem vários testemunhos louváveis de mulheres que conceberam depois do crime do estupro, não mataram a criança através do aborto e não se arrependeram. No sítio do Padre Lodi da Cruz
Joel Nunes dos Santos, psicólogo, em 19 de maio de 2002, redigiu um ensaio “Alguns efeitos psicológicos do aborto”
· Frustração no seu instinto materno: “senti que nao era boa o suficiente pra ser mae...ja que meu namorado falava isso o tempo todo (sic)”;
· Insônias: “ele estava com 13 semanas...ja formadinho...era o meu bebezinho...a pessoinha que eu mais quis na minha vida...mas minha fraqueza e meu egoismo nao a deixaram vir ao mundo...sonho com essa imagem a cada noite que eu consigo dormir...qdo consigo...pq ja nao durmo bem... (sic)”;
· Depressão e aversão ao amante: “....chorava muito...o arrependimento doi na alma...ele chegou um dia do trabalho e me disse q nao entendia o pq eu chorava tanto... ‘aquilo nao tinha vida’ dizia ele....minha magoa por ele cresce e cresce a cada dia...pq eu matei meu bebe e ele o ofende como se nao fosse nada...(sic)”;
· Tentativa repetida de suicídio: “Um dia estava tendo mais um acesso de insanidade...queria me matar novamente...foi uma crise horrivel...eu chorava muito...fiquei descontrolada...nao tinha ninguém comigo...(sic)”.
Em Londres, na Inglaterra, o aborto é legal desde 1967, a facilidade de realização do aborto nos países onde a prática é descriminalizada, torna a luta pela preservação da vida da criança, do ventre até o seu nascimento, cada vez mais difícil e as estatísticas de registro da realização do aborto maiores anualmente. Juliana comentava: “algumas coisas aqui me assustam, como a liberdade de se fazer o que quer sem ser punido(...) sabe, Padre, aqui tudo e gratuito e acessivel... talvez se eu disser que eu quero me matar eles me ajudem na escolha do metodo tambem!(sic).”
A análise prosseguirá através de citações do artigo já mencionado do Psicólogo Joel sobre dois testemunhos de mulheres inglesas, registrados no livro “Bebês para Queimar. A Indústria do Aborto na Inglaterra” pelos jornalistas autônomos Michael Litchfield e Susan Kentish, publicado no Brasil pela editora “Paulinas” em 1980. Janice, uma mulher casada, resolveu abortar o primeiro filho porque não se sentia preparada para tê-lo e explica: “Como disse, só no dia após a operação, é que tive consciência de que 'aquilo' de que me tinha livrado não era um monte de geléia, mas meu próprio filho. Só quando ele não mais existia é que se tornou real”. Após a cirurgia, ela sentiu uma vontade incontrolável de ver uma criança “passar a mão no seu rostinho, sentir a sua pele macia”. Joel Nunes comenta: “O que permite concluir que todo e qualquer elemento (interocorrência) que envolva uma vida, traumático ou não, vai tendo importância psicológica esvaziada quanto mais a vida vai assumindo expressão concreta, sob a forma de choro do recém-nascido”. Janice visitou uma cunhada que tinha uma criança: “peguei a filhinha dela, de quinze meses, estreitei-a ao peito”, sua vontade de ter um bebê aumentou e ela ficou grávida do marido, novamente, pouco tempo depois: “a gravidez foi o período mais infeliz da minha vida. Mês após mês, cada pontada, cada contração me lembrava do 'monte de geléia' anterior (...) Pensei que depois que Sammy nascesse eu iria esquecer, que ele iria substituir o primeiro. Mas não foi assim. Penso no meu primeiro filho todo o tempo. Este ano, no dia do aniversário [do aborto], deixei Sammy com minha mãe durante o dia porque não suportava olhar para ele e lembrar-me”. O psicólogo explica: “Tendo consentido que um certo filho fosse morto, ela posteriormente poderá ter um batalhão de outros filhos, cada um deles afigurando-se, no seu coração (ou seja, isto sendo-lhe portanto mais real e constante do que são reais os filhos que vê com os olhos "que a terra há de comer"), que precisamente este poderia ter sido aquele que foi morto. (...) Escapa, porém, ao plano da psicologia o ‘objeto’ sobre o qual o aborto incide: a eliminação de uma vida não tem como ser compensada com a gestação de outra, com a adaptação psicológica a certos ‘valores’ ou com o consolo de dizer que ‘a lei o permitiu’”.
O testemunho de Nancy revela um caso de dois abortos seguidos. Mulheres que abortaram têm maiores chances de vir a abortar novamente devido mesmo aos inúmeros traumas que a prática acarreta com diminuição de auto-estima, um desejo consciente ou inconsciente por uma gravidez de “substituição” e uma maior atividade sexual pós-aborto. Em linhas gerais, Nancy conhece um homem recém-separado e é babá da pequena filha dele, Jane, que tinha entre 7 e 8 anos. Com o tempo, os dois se envolvem e ela engravida: “Quando ele me disse que não intencionava casar novamente, nunca mais, fiquei transtornada. Senti-me gelada, entorpecida, completamente arrasada. Não que ele não quisesse mais saber de mim, mas simplesmente porque ele não queria casar comigo. Disse que eu resolvesse se queria continuar a gravidez ou abortar. De repente, cavou-se entre nós um abismo terrível. Sentia-me sozinha”. Abortou uma primeira vez, e mudou sua relação tanto com o companheiro quanto com a criança. Sentiu-se deprimida: “Naturalmente aos poucos consegui vencer a depressão. Mas mudei. Senti que tinha mudado”. Eles continuaram o relacionamento, mas agora ela exigia que ele se afastasse da filha o que, aos poucos, aconteceu, e ela não seria mais babá da menina. Nancy, no decorrer do caso, engravida novamente, o namorado diz que o aborto é uma decisão dela e ele não quer se intrometer nisso, ela aborta outra vez. Observa-se, no início do relato, o quanto ela gostava de crianças: “Eu sempre tinha sido babá. Gostava de crianças e vinha de uma família numerosa, e isto era um trabalho bastante fácil”. Depois dos dois abortos, entretanto, ela afirma: “Como eu odeio esta palavra 'criança'. Ele sente-se radiante quando está com Jane ou outras crianças. Sabe divertir-se com elas.” Lembra-se de como poderiam ser seus filhos que foram suprimidos: “Fico às vezes matutando se meus filhos se pareceriam com Jane, se seriam mais inteligentes, mais bonitos, meninos ou meninas”. E revela seu sentimento de frustração e baixa auto-estima quanto à maternidade: “Não ligava para Jane, não pensava que iria rejeitá-la um dia. Ela também tinha necessidade de amor, de mais amor do que as outras crianças, por causa do casamento desfeito, e eu não posso dar-lhe este amor”.
Joel Nunes conclui: “Modifique-se psicologicamente a mulher, fazendo-a consentir conscientemente com o ato que, em si mesmo, é a negação da humanidade do homem, qual seja, a morte do próprio filho (...) a mulher que consente com o aborto, "suicida", faz morrer algo em si mesma, para sempre (...) Ora, isto que "morre para sempre" na mulher é justamente aquilo que confere à mulher "moral" para reclamar e sobrepujar o erro, mas não um errinho besta, mas o erro entendido em sua acepção forte, de falsificação (ou negação) do real”. Essa falsificação da realidade de ser mãe com as tentativas de negar a humanidade da criança a fim de esmagá-la em seu ventre, desenvolvem traumas na mulher que se submete ao aborto, fazendo-a relembrar-se do ato nas vezes em que olha para um filho que posteriormente teve, ou mesmo para um bebê de outra mulher. Ao contrário do que se costuma divulgar, a mulher que olha para o filho concebido em estupro não se lembra da violência em si, porque sabe que a criança nascida não tem culpa do acontecimento pretérito. Já a que aborta, sabe que a culpa de ter suprimido uma vida inocente e indefesa foi uma escolha dela e lembra-se disso toda vez que olha para um bebê e imagina quantos anos, ou como seria justamente aquele filho que ela nunca deixou vir à luz. Destarte, uma mulher que tem o aborto em sua história de vida, manifesta e exterioriza como reage perante esse erro ao mundo de alguma maneira.
Emanuelle Carvalho Moura
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