Friday, June 01, 2007

O Brasil para os ateus

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Terça-feira, Maio 29th, 2007...9:22 am
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“Não se trata de forma alguma de um movimento contra a religião cristã - na verdade não é contra religião alguma”. - Roberto Mitsuo Takata
A frase em destaque está espalhada pela blogosfera católica, numa resposta às críticas a respeito do movimento de ateus que defende a retirada de imagens sagradas e crucifixos das repartições públicas brasileiras. O movimento foi criado no final de 2006, é uma iniciativa de “céticos, inquisidores da razão” como o biólogo, Roberto Mitsuo Takata, e o engenheiro, Daniel Sottomaior Pereira.
O adjetivo entre aspas tomei emprestado do título de uma matéria da revista Galileu, n°116. A reportagem entrevistou Takata e Sottomaior, as poucas palavras deles são contextualizadas pelo seguinte subtítulo da matéria: Eles declararam guerra a astrólogos, religiosos, ufologistas, tarólogos, curandeiros e místicos em geral.
A revista científica, Galileu, informa que os céticos declaram GUERRA aos religiosos. E dentre os céticos que a matéria cita estão extamente aqueles que “de forma alguma [promovem] um movimento contra a religião cristã”, como diz exaustivamente Takata em respostas a vários católicos.
É uma contradição que Takata, “um crítico ferrenho da imprensa na área de ciência e de saúde”, não se deu ao trabalho de combater. Justo ele que, no site Observatório da Imprensa, analisa os discursos midiáticos com precisão.
Ainda que não tivesse interesse na própria defesa, por conta da afirmação de “guerrear contra religiosos”, Takata bem que poderia defender o amigo Sottomaior de tal rótolo. Afinal, já partiu em defesa pública do amigo em outra oportunidade.
Mas contradições fazem parte da vida. O Takata que democraticamente defende o respeito às minorias religiosas que não têm seus objetos de culto expostos em repartições públicas é o mesmo Takata que já tentou silenciar opiniões de uma minoria contrária a teoria da evolução, tão cara ao biólogo.
Em uma atitude diferente do ideal de democracia, Takata condenou o Jornal da Ciência (JC) por publicar uma carta-artigo de um partidário do “Design Inteligente”, uma teoria oposta ao evolucionismo. Por diversas vezes o biólogo tentou convencer o editor do JC, órgão da SBPC, de que o jornal não deveria dar voz a “criacionistas”, uma vez que o órgão é “um informativo sobre ciências, e não sobre religião”.
Em resposta, o editor lembrava que não era “justo nem adequado discutir a questão do criacionismo x evolução publicando apenas a opinião dos evolucionistas”. Nada estranho ao jornalismo que tem por obrigação ser polifônico e polissêmico. Em outras palavras: ouvir os dois lados, respeitar as minorias.
Takata diz que não tem nada contra a religião. E afirma isso sempre que critica qualquer idéia que se aproxime de algo religioso, como é, na opinião do biólogo, o caso do “Design Inteligente”. O que diria Sigmund Freud sobre tantas auto-afirmações?
Além de não ter nada contra a religião, Takata também *não* demonstra (em nenhum artigo especial de autoria dele, disponível na internet) qualquer reação negativa ao fato de a ONG, da qual ele é membro, ter sido inspirada pela banda “Bad Religion”, cujo símbolo é a negação da religião cristã.
Atenção. O texto que segue não é recomendável aos mais tradicionais! Neste momento defenderei um dos mais controversos bispos da Teologia da Libertação: Dom Pedro Casaldáliga. É um trabalho muito difícil, mas não posso evitar.
Dom Pedro Casaldáliga foi assediado por Daniel Sottomaior - outro representante do tal movimento - que procurou o bispo em agosto de 2006, em virtude de um artigo de Dom Casaldáliga a respeito do artigo 2º da Declaração Universal dos Direitos Humanos. No artigo, o Bispo (em virtude da miopia do marxismo dele) criticava a Igreja Católica por nem sempre respeitar tais Direitos.
Era tudo o que Daniel precisava: um Bispo católico que endossasse a campanha. “Uh!” E para conseguir isso, de acordo com os e-mails publicados no site do movimento, Daniel não poupou um “Estimado D. Pedro”, “homem da Igreja” (com I maiúsculo mesmo), “é com grande reverência que o procuro”.
Após a reverência, Daniel comentou a respeito do projeto de retirada dos símbolos religiosos das repartições públicas e conseguiu que o Bispo opinasse sobre a questão, mas não recebeu de Dom Casaldáliga sequer uma menção de apoio à INICIATIVA, menos ainda a autorização para usar o nome dele na promoção da campanha a qual se empenhava.
Eis um trecho do e-mail de Dom Pedro Casaldáliga publicado no site do movimento:
“Esta-se criando uma certa confusão sobre uma campanha de laicismo anti-religioso, um projeto intitulado “Brasil para todos”, no qual eu participaria ou até seria o principal organizador do projeto. Lamentável. Você sabe que respondi à pergunta sobre símbolos religiosos em lugares públicos, oficiais…, mas no entrava numa campanha deste tipo, menos ainda como um protagonista principal”.
Note: Dom Casaldáliga qualifica a campanha como ANTI-RELIGIOSA.
Daniel tinha informações sobre o Bispo. Mas, provavelmente, não deu muitas informaçõs a Dom Casaldáliga a respeito da Sociedade da Terra Redonda, uma ONG de ateus, fundada em 1999, da qual tanto Daniel Sottomaior (editor da área S.T.R. da Sociedade da Terra Redonda) quanto Roberto Takata são membros e cuja base é “defender os direitos dos Ateístas na sociedade”. A ONG considera a religião uma “amarra”.
Satisfatória a OPINIÃO do bispo - e nunca o apoio… -, houve publicação do nome de Dom Casaldáliga na lista dos religiosos que apoiavam a INICIATIVA, o movimento em si. Uma atitude, no mínimo, irresponsável… Mas um bom indício de que o apoio das FALSAS Católicas Pelo Direito de Decidir (sim, elas apóiam o movimento, é claro!) ainda não contemplou as exigências de uma assessoria qualificada para Takata, Sottomaior e seus companheiros de defesa dos direitos dos “Ateístas” na sociedade.
O site foi reformulado. Tiraram o nome do Bispo, arrumaram o discurso massacrado pelo jurista católico Ives Granda, passaram uma maquiagem no laicismo (ateísmo?) que permeia todo site e, agora, não seria surpresa alguma se encontrássemo discursos do Papa Bento XVI manipulados de modo a confundir os católicos não-praticantes de que não há nada demais em retirar crucifixos e imagens de repartições públicas.
E tais são aqueles que se dizem desinteressados em atingir a religião: ateus militantes, desejosos de defender seus direitos.
Tanta militância logo logo atrairá a atenção de revistas semanais. Eu sugiro um título para a matéria da revista: “Iniciativa de céticos mente ter apoio de bispo católico e agora quer ser séria”. Um título longo, é verdade.
Sugestões? É só mandar um e-mail para a Globo… E a Globo tem revista: Época. Para falar com a Redação de Época é fácil: MailScanner detectou uma possível tentativa de fraude de "diasimdiatambem.wordpress.com" MailScanner detectou uma possível tentativa de fraude de "diasimdiatambem.wordpress.com" epoca@edglobo.com.br
Nas fotos: à esquerda, Roberto Takata, e à direita Daniel Sottomaior.
8 Comments
Filed under Laicismo
8 Comments
Fabrício
Maio 29th, 2007 at 11:00 am
Excelente, Wagner!
Saiba que tiro o chapéu para a sua disposição e o seu talento em fazer estas “investigações”. Você é um operário da Messe!
Paz e Bem!
Claudemir Júnior
Maio 29th, 2007 at 1:57 pm
Parabéns pela iniciativa, Wagner.
Muito boa a sua matéria.
Fica com Deus.
Gardênia
Maio 29th, 2007 at 7:29 pm
O ateus precisam acreditar que Deus não existe para continuar vivendo… Wgnr porque não tem o link para meu blog na sua página principal? vc não gosta mais de mim????
Jack Charlie
Maio 30th, 2007 at 2:37 pm
Blz!!! Mais uma vitória!!!
Eduardo Araujo
Maio 30th, 2007 at 5:27 pm
O que os ateístas militantes não possuem de forma alguma é a mínima noção de tolerância e essa fachada que tentam passar de não serem inimigos da fé cristã é uma mostra da falsidade que se emprega para lograr êxito na investida anti-religiosa.
Já li um artigo do sr. Sottomaior no Observatório da Imprensa no qual defende até a derrubada dos prédios religiosos. Isso após ter desfiado toda uma choradeira por - na sua concepção - não haver espaço na mídia para programas ateístas. Muito engraçado, como se já não bastasse a mídia ser em sua maior parte antagonista da religião.
Nos ataques dos ateus militantes que vejo com freqüência em blogs e sítios religiosos - especialmente católicos - o que se destaca é a fortíssima agressividade, o xingamento usado como arma básica. Nunca essa gente se aproxima respeitando o seu oponente. Já vêm com as palavras de ordem tratando todos os crentes indistintamente como um bando de fanáticos, fundamentalistas, atrasados, inimigos da ciência. Na sanha ateísta de desqualificar vale tudo, desde recobrar, à moda “tribunal de júri sem defesa”, o passado da Igreja, até forjar uma inexistente disputa ideológica entre religião e ciência, desta última eles se julgando os sábios representantes.
E o bom é quando você retruca e ainda mostra um conhecimento científico. “Absurdo”! Um religioso irracional confrontando o egrégio sábio ateu detentor da sabedoria científica racional …. Não pode ser. Quem é você para falar de Dawkins, o grande cientista ateu? Só está querendo dar uma de superior; quer dizer que sabe mais do que ele, pobre vítima, coitado, da religião malvada. E por aí vai.
O mesmo acontece quando rebatemos as manjadíssimas acusações de a religião ser a grande motivadora cruel das maiores (sic) atrocidades da história. Se mencionar os massacres ordenados por Stalin, Mao e Pol Pot EM NOME DO ATEÍSMO especificamente é porque você está querendo dizer que os ateus em geral são violentos. Claro, apontar o dedo em riste quando o assunto é Inquisição e Cruzadas pode e nesse caso - dois pesos, duas medidas - não são associados apenas aos agentes históricos do passado. Quando é para achincalhar o lado religioso, o desvio de um vale para todos.
Assim é a linha e a conduta do bando ateísta militante. Deixo claro, por oportuno, que no universo de ateus há sim os respeitosos e tolerantes, que não trafegam por esse caminho de exclusão da crença. Mas no geral não são esses os que se manifestam nessas questões. É o bando da milícia ativa com um ódio virulento e truculento ante a crença do outro. E para realizar em mudanças efetivas esse ódio anti-religioso não dispensam meios, incluindo até essa mentira de “não ser contra a religião”.
E por fim, repito aqui o que já escrevi em comentário anterior. Essa estória de Estado laico é para muitos uma camuflagem para o verdadeiro intento de impor não um Estado, mas uma sociedade laica. Uma sociedade em que tudo é válido, menos a religião cristã, a grande inimiga da onda politicamente correta, da ditadura do relativismo. Nessa sociedade é lícito um professor em pleno campus de uma universidade pública montar um outdoor ofensivo do mais baixo calão contra toda uma instituição religiosa. Mas reagir ante essa baixaria, seja de forma veemente como derrubar a peça, seja manifestando uma opinião contrária é considerado uma “afronta à liberdade de expressão”, “vandalismo”, “fanatismo religioso”. É esse o Estado (sic) laico tão apregoado aos quatro ventos.
Roberto Takata
Maio 30th, 2007 at 5:40 pm
Prezados Senhores,
1. Não há nenhuma contradição no que se refere aos temas em pauta. O movimento não é contra religião alguma - tanto é que conta com apoio de religiosos de diversos matizes (inclusive católicos).
2. Mesmo que eu fosse - e não sou - antirreligioso, isso não tornaria o movimento antirreligioso - do mesmo modo como isso não transformaria o Brasil (país de que faço parte) em um país antirreligioso.
3. Eu faço parte do Brasil para Todos, mas não é minha iniciativa em nenhum sentido. Sou apenas colaborador e não dono, nem mesmo o autor inicial da idéia.
4. Sim, defendi o Daniel Sottomaior - na verdade defendi o entendimento entre Capozzoli e Sottomaior, duas pessoas que admiro. Isso quer dizer o quê? Nem mesmo a defesa de um ateu me transformaria em um ateu - sou agnóstico. E mesmo que eu fosse ateu isso não me tornaria antirreligioso.
5. Critico e continuo criticando o criacionismo (seja na forma de design inteligente ou outra forma). Isso tampouco me torna antirreligioso. Das duas uma: ou o criacionismo não é religião e, em princípio, caberia ser discutido em um veículo sobre ciências - mas nesse caso mereceria todas as críticas por não ter embasamento fatual algum - ou o criacionismo é religião e não deve ter espaço em um veículo sobre ciências. Como digo na minha comunicação, isso é tão antirreligião quanto vetar artigos de culinária em um veículo de ciências seria um ato antigastronômico. Simples questão de adequação dos meios.
6. O articulista confunde as coisas. A ONG Brasil para Todos não tem nenhuma inspiração na banda Bad Religion. A ONG que se inspirou na banda é a Sociedade Terra Redonda, da qual nunca fui sócio, mas na qual tenho vários amigos. Ter amigos lá não me torna mais ateu (ou antirreligioso) do que o fato de eu ter amigos na Opus Dei não me torna mais católico (ou anticético). Freqüentei encontros de membros da STR do mesmo modo como freqüentei reuniões da Opus Dei - tendo até participado de um retiro espiritual. Sempre fui recebido de modo muito cordato e afável em ambas as situações, procurando eu retribuir do melhor modo possível.
7. Não falei muito sobre Bad Religion, não a conheço e meu gosto musical é bem diferente. (Poderão encontrar várias postagens minhas a respeito da Fiona Apple, por exemplo.) O que não torna verdade que eu não tenha me postado contra um sentimento antirreligioso. Vide por exemplo:
http://br.groups.yahoo.com/group/ciencialist/message/61293
Mensagem em q digo q, mesmo q a proibição da religião resultasse em mais avanços científicos, eu me postaria contra isso.
Vide tb:
http://br.groups.yahoo.com/group/ciencialist/message/29978
“Acho q. esse e’ o dado principal. Ha’ espaco para o desenvolvimento dos movimentos ateistas. Por isso q. vejo com bons olhos todo o agito da organizacao dos ateus na conquista de uma visao mais positiva pela sociedade. Eu discordo um pouco da politica combativa q. nao e’ rara de se empregar — mas talvez no inicio seja algo necessario. Luther King seria possivel se nao houvesse um Malcom X? Ainda q. nao elimine a hipocrisia e nao se garanta q. mude realmente o modo de pensar, ao menos abre-se espaco para uma convivencia mais pacifica.”
Sim, eu defendo q os ateus se organizem - como defendo a organização de religiosos (enfim das partes várias da sociedade civil). Isso não me torna ateu - do mm modo como a minha defesa dos movimentos dos homossexuais não me torna homossexual, ou a minha defesa dos movimentos negros não me torna negro, ou a minha defesa dos movimentos feministas não me torna mulher. Tb não me torna antirreligioso, heterofóbico, racista contra os brancos ou androfóbico.
http://br.groups.yahoo.com/group/ciencialist/message/21905
“Bobagens duas coisas: (1) atribuir as mutilacoes e violencia contra civis a uma cultura oriental (supondo q. isso exista) e (2) atribuir tais violencias a uma religiao. Ninguem esta’ dizendo q. ela nao existe.”
8. Sim, claro que eu tenho as minhas contradições, afinal sou humano e sujeito a falhas. Mas de modo algum é o caso dos temas abordados na postagem aqui comentada.
[]s,
Roberto Takata
Começou hoje: moderação de comentários. « O Possível e o Extraordinário
Maio 31st, 2007 at 12:17 am
[…] o membro da ONG de ateus, Sociedade da Terra Redonda (a única ONG a qual me referi no texto “O Brasil para os ateus“), Roberto Takata, sustenta que nem ele ou a iniciativa da qual é um dos principais […]
Roberto Takata
Maio 31st, 2007 at 9:19 pm
Mais uma pequena correção: não sou biólogo. Tenho formação em Ciências Biológicas, mas não tenho CRBio.
[]s,
Roberto Takata

http://diasimdiatambem.wordpress.com/2007/05/29/o-brasil-para-os-ateus

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