MARCHA PARA JESUS X HOMOSSEXUALISMO
São Paulo: Cerca de três milhões de pessoas na Marcha para Jesus

Multidão leva 'Jesus' no rosto
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL48584-5605,00.html
Marcha para Jesus prega valor cristão e critica homossexualismo
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL48671-5605,00.html
07/06/2007 - 11h31 - Atualizado em 07/06/2007 - 14h29
Multidão leva 'Jesus' no rosto
Três milhões de evangélicos são esperados em evento.
Dezoito trios animam festa, que conta com estrutura grandiosa.
Patrícia Araújo Do G1, em São Paulo

A multidão traz na testa e em faixas de todas as cores o motivo da comemoração nesta quinta-feira (7). A palavra “Jesus” é predominante entre as pessoas que ocupam nesta manhã grande parte da Avenida Tiradentes, na região central de São Paulo. Como no ano passado, cerca de três milhões de evangélicos participam do evento durante todo o dia, segundo estimativa da organização.

Por volta das 10h30, os 18 trios elétricos que participam da 15º edição no Brasil da Marcha para Jesus partiram em direção à Praça Heróis da FEB, na Zona Norte. Em cima dos trios, além das bandas, pastores fazem a pregação para jovens dos mais diversos estilos.

Entre a multidão, não é difícil ver piercings, tatuagens, cabelos coloridos e óculos exóticos. Em comum, a paixão por Jesus. Em um dos trios, o pastor André Fabiano grita: “entrega tua benção a Jesus, xô satanismo, xô homossexualismo”. Ele foi aplaudido por seus fiéis que, em seguida, começaram a falar em línguas.

A frase pode ter sido referência à I Corrida pela Diversidade, que ocorreu na manhã desta quinta-feira (7) em São Paulo. O evento reuniu homossexuais na Rua Maria Antônia, na região central da capital paulista. Além disso, acontece este domingo na Avenida Paulista a 11ª Parada Gay.

Multidão participa de Marcha para Jesus na Avenida Tiradentes. (Foto: Patrícia Araújo/G1)

As músicas escutadas no evento também variam de trio para trio. Em um deles, que traz um cartaz com a frase “In Jesus, we trust”, as cores preta e branca enfatizam a cultura rock, da igreja “Bola de Neve”. Ao lado do trio, os amigos Paulo Arneiro, de 20 anos, e José Cláudio de Oliveira, de 18, e Diego da Silva Alves, também de 18, se divertem com o som. Eles se conheceram em um show de rock gospel e afirmam com orgulho que estão “unidos por Jesus no rock”.

“Não é pecado ouvir boa música. O pecado é idolatrar, isso a gente só deve a Jesus”, afirma orgulhoso Arneiro, estudante de Administração de Empresas na Faculdade Mackenzie. Ele conta que há um ano e oito meses era ateu e se achava ninguém. “Até que Deus fez um milagre na minha vida, me libertou de todas as mágoas, trouxe paz e me ajudou financeiramente também, me deu uma bolsa integral na faculdade”, conta.

Ano passado, foi seu primeiro ano de marcha. E ele ficou tão emocionado que promete não perder mais nenhuma caminhada. “É maravilhoso ver Deus agindo no coração de mais de três milhões de pessoas juntas”, diz.

Além dos trios, os fiéis são embalados por grupos que seguem no chão. Cerca de 70 pessoas participam da bateria “Salmo 150”, os sambistas de Cristo. O puxador Genildo Batista da Silva, há dez anos na bateria, conta que o grupo é formado por pessoas que não foram aceitas nas escolas de samba comuns. “A gente se esforça, dá apoio, treina eles e o resultado é este que você está vendo”, fala orgulhoso em meio ao som ritmado dos outros integrantes do grupo, que têm entre seis e 54 anos.

Os sambistas de Jesus animam evangélicos no Centro de SP. (Foto: Patrícia Araújo/G1)

Para festejar a Marcha para Jesus 2007, foi montada uma estrutura grandiosa. Além dos 18 trios elétricos, na Praça Heróis da FEB foi armado um palco de 20 metros de largura por 16 de profundidade, onde deverão se apresentar 30 bandas e cantores gospel.

Para manter a segurança, 1.250 homens da Polícia Militar vigiam o trajeto que também conta com apoio de seguranças profissionais e ajuda de dois mil voluntários. Dois postos médicos e quatro ambulâncias UTI também estão no local. De acordo com o Diário Oficial, os serviços de engenharia e a locação do palco foram orçados em R$ 68.320.

O evento conta ainda com transmissão ao vivo para rede de televisão, rádio e internet. A marcha é coordenada pela Igreja Apostólica Renascer em Cristo e conta com a participação de outras 15 igrejas evangélicas. É considerado o maior evento evangélico do mundo. A pretensão dos organizadores é ainda maior. Em um dos trios que puxa o público lê-se a frase: “O Brasil vai ser o maior país evangélico do mundo”.

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07/06/2007 - 14h38 - Atualizado em 07/06/2007 - 15h58
Marcha para Jesus prega valor cristão e critica homossexualismo
Evangélicos dizem frases como "xô homossexualismo" durante evento em SP.
Para homossexuais, não existe rivalidade entre eventos porque cidade é de todos.
Patrícia Araújo Do G1, em São Paulo

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Ainda na concentração, no início da manhã desta quinta-feira (7), no trio elétrico do “magistério, plenitude de avivamento” a pregação era ouvida: “Entrega para eles a tua benção (...) xô satanismo, xô homossexualimo”. Realizada três dias antes da 11ª Parada Gay de São Paulo, a Marcha para Jesus levanta a bandeira dos valores cristãos e exclui a opção homossexual.

Seguidores da igreja Caminho da Vida durante a Marcha para Jesus (Foto: Patrícia Araújo/G1)

“Não digo contra (a Parada Gay), acho que a marcha do povo de Deus é grande nesta cidade, neste país. Acho que é esta a parada que influencia mesmo”, diz o analista de suporte Valter da Silva Filho, de 25 anos. Ao lado da namorada, ele faz parte do grupo de 50 pessoas da Igreja Caminho da Vida, que veio participar da 15ª edição do evento.

A igreja, que funciona há 12 anos no bairro de Vila Carrão, na Zona Leste de São Paulo, é comandada pelo pastor Pedro Nakamashi e tem, na maioria de seus seguidores, descendentes de japoneses. A mistura da tradição nipônica e dos ensinamentos cristãos resultou em um grupo que defende profundamente os valores religiosos. “Pela Bíblia, a gente sabe que Deus não concorda com o que eles (homossexuais) fazem. A gente condena o ato deles, e nunca as pessoas. O que a gente quer é que eles conheçam Deus”, explica Silva.

Para outros, a Marcha para Jesus em nada tem a ver com a Parada Gay. Líder do ministério Luz para os Povos de Serrinha, em Goiânia, o apóstolo Paulo Henrique de Oliveira veio com um grupo de 150 pessoas pela primeira vez para a marcha.

“Estamos achando demais, esta é uma manifestação do nome de Jesus, não tem nada a ver uma coisa com a outra, essa marcha é um trabalho de unidade da igreja evangélica, sem nenhum tipo de discriminação, não é um ato de repulsa nem de competição ou qualquer outra coisa”, disse Oliveira.

A mesma idéia é defendida pelo pastor presidente da Assembléia de Deus no estado de São Paulo, Samuel de Castro Ferreira. “Nós respeitamos a opção de cada um. Não concordamos (com o homossexualismo), mas jamais faríamos desse (marcha) um ato afrontoso, princípios não se discutem em um ato, se discute nos fóruns adequados. Isso é uma marcha para Jesus, não uma partida de futebol”, afirmou.



Marcha de evangélicos passa sobre a Marginal Tietê. (Foto: Patrícia Araújo/G1)

Para o pastor, a marcha é um exemplo de união entre todas as pessoas e jamais pode simbolizar algum tipo de briga. Para reforçar esta teoria de unidade, Ferreira aposta na ampliação do evento e faz um convite. “Eu quero convidar na próxima marcha que os católicos venham, os espíritas venham, essa é uma marcha cristã”, fala, acrescentando que Jesus reúne todas estas religiões e, portanto, todas elas deveriam se unir.

Outro lado

Regina Facchini, vice-presidente da Associação da Parada, disse que não existe nenhuma rivalidade entre os eventos que ocorrem nesta quinta-feira (7) em São Paulo. “A cidade é de todos e deve ser usufruída por todos”, disse.

Ela afirmou que as opiniões religiosas devem ser expressas livremente, mas fez uma ressalva em relação à frase dita no trio. “Quando se diz xô homossexualismo, pode incentivar atitudes homofóbicas e isso não é algo bacana”, falou.

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